02 junho 2015

#Resenha37 - Sete Cabeças (Bruno Godoi)

"E junto à carreata de frascos a tilintar pelo beco, despontou, também, um bebê sujo, monstruoso, desfigurado."
- Pág. 52


Estou em dúvida sobre como começar essa resenha, mas, vamos lá. "Sete Cabeças" foi o tipo de livro que, para mim, parecia uma coisa e no final acabou se tornando outra totalmente diferente. Calma, isso positivamente. Eu esperava um suspense policial daqueles de arrancar suspiros, mas, não, o que encontramos é um quebra-cabeças com suspense e um toque macabro de fantasia. O livro é dividido em dois contos interligados com histórias que se completam, começa com "Caso 132".


Numa madrugada, no banheiro de um restaurante, o detetive Anton Levey encontra um corpo, morto. Confesso que essa parte teve um toque de suspense bem legal, mas que chegava a ser cansativo, detalhista demais. A partir daí, o conto volta para um dia antes, mas, nisso, temos agora "Anton Levey" perseguindo um ser em uma capa vermelha - daí a capa do livro -, e foi só nesse momento que a leitura começou a andar para a frente.

O autor escreve de uma forma que nos deixa imensamente curiosos para saber quem o detetive está perseguindo e porque, de repente, ele voltara ao passado. Eu fiquei chocado com o desfecho da primeira parte desse conto. Acredite, em "Caso 132", nada é o que parece ser.

Então, embarcamos em outro universo - o qual é impossível não assemelhar a Jogos Mortais. Em "Frigorífico" temos outro detetive, um professor e um açougueiro postos numa espécie de teste psicológico onde, novamente, nada é o que parece ser.

"A fala. Os planos. O raciocínio. Tratando a vida superficialmente. A carne. Haviam ultrapassado a linha da racionalidade, deixando a humanidade para trás."
- Pág. 211

Nesse outro conto, o autor vai explorar o que há de mais de cruel no ser humano, suas reações quando colocados colocados num jogo psicológico que acaba colocando o leitor nessa trama também, fazendo-nos meio que jogar com os personagens que, em sua maioria, agem por impulso. Mas, em um jogo de vida ou morte, isso é bom ou ruim?

Algo que eu achei extremamente interessante foi o modo como o livro foi escrito, os capítulos são descritos em cenas, sendo que ao fim de cada uma temos mensagens como [Corta], [Para], [Avança], etc., o que acaba por dar a sensação de estarmos não lendo um livro, mas um roteiro de um filme. Os dois contos fazem várias referências à Biblía - daí o título -, ao teste de Rorscharch - aquilo de manchas, onde o paciente diz o que vê -, e isso é super interessante, principalmente por meio que fazerem parte desse quebra-cabeça. Temos até um pouco de satanismo no decorrer da história.

"Vi subir do mar a besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os chifres, dez diademas, e sobre as cabeças, um nome de blasfêmia."
- Apocalipse 13.1

A trama é super bem construída e o autor escreve bem, apesar de alguns erros na revisão, tudo depois se interliga e ganha um certo sentido, exceto pelo desfecho. Desculpe a expressão, mas fiquei com vontade de queimar o livro depois de descobrir de quem é o corpo morto no começo do livro! Contudo, o final de "Frigorífico" até que foi bem melhor que o de "Caso 132".

É uma leitura que exije total atenção do leitor e precisa ser feita de acordo com o título desse meu blog aqui. Uma leitura silenciosa, para se ter mais concentração e saber ir montando as peças-chave do nosso jogo psicológico. Super recomendo a leitura para quem curte um bom suspense psicológico, mas pelo começo descritivo demais e pelo desfecho - apesar de surpreendente - não muito aceitável, o livro hoje recebe a nota 4.

Uma dica para quem vai ler: atenção aos detalhes, houve páginas que eu tive que reler para tentar compreender todo esse complexo quebra-cabeças.

"Fechou os olhos. O silêncio reinou sobre os dois. Silêncio gritante, de cor vermelho sangue. É tudo teste. Teste psicológico. Os testes não nos mudam... eles nos revelam."
- Pág. 219

4 comentários:

  1. Olá!!

    Adoro livros de contos!! Eu leio de tudo, confesso que não leio policiais, mas sendo contos, o livro até que parece ser interessante...

    resenhaeoutrascoisas.blogspot.com

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  2. Oláaa,
    Eu não costumo ler livros assim de contos, ainda mais com essa temática. Não é discriminação nem nada, é que eu tenho muito medo mesmo, hahaha E ficaria com paranoia, com certeza. Acho que eu indicaria para a minha amiga que gosta de livros assim, além que exige muita atenção aos detalhes, como você citou.
    Beijos,

    Our Constellations

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  3. Olá! Não conhecia o livro, mas parece ser bem interessante! Ainda mais com essa mistura de suspense com fantasia!
    Adorei a resenha!
    Beijo!
    http://booksmanybooks.blogspot.com.br/

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  4. Olá... tudo bem??
    Há... eu também fiquei louca quando descobri o corpo do inicio do livro kkkkkk... mas não tive vontade de queimar o livro não... porque a história por mais que inicialmente tenha sido cansativa... eu gostei dos finalmente dela, mesmo achando meio aberto... xero!!
    http://minhasescriturasdih.blogspot.com.br/

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