Capítulo 01
Os flashes, as malditas luzes, até mesmo a luz do
sol que refletia nas câmeras dos jornalistas de todas as emissoras pareciam
prejudicar Anna. Todos estavam curiosos para saber o que acontecera a ela,
aturdida com tudo aquilo, ela quase desmaiou, sua sorte foi Phil que a envolveu
em seus braços.
Thompson
estava mais adiante e ao deparar com a namorada abraçada ao ex, seu mundo
pareceu cair aos pés. Ali, parado, ereto, naquele mesmo local, naquele mesmo
momento, Thompson viu Philips beijá-la, beijar Anna, que antes de ser
sequestrada era sua namorada.
Ele
olhou por cima do ombro, não resistiu e foi até Phil.
- Seu
desgraçado! – Exclamou quase que como um chiado antes de socar o rosto de
Philips que tecnicamente se jogara no mesmo momento sobre o chão. Anna
inclinou-se e abaixou-se preocupada com Phil. Ela encarou Thompson que estava
com uma expressão de desgosto, de amargura. A única coisa que restou a Anna foi
abaixar a cabeça, ela o fez. Thompson balançou sua cabeça em forma de reprovação
antes de finalizar suas palavras e ir embora. – Você é igual a ele, não presta,
não vale nada, vocês se merecem, afinal.
E saiu
sem dar mais nenhuma palavra, deixando Anna confusa naquele turbilhão de
memórias, ah, malditas memórias. E as câmeras, sim, claro, ainda tinham as
câmeras para atrapalhar mais ainda tudo na vida de Anna e de Phil. Ela o
levantou e seguiu adiante sem olhar para trás, mas, não resistiu, hesitou antes
de fazê-lo, e logo se inclinou para trás à procura de Thompson. Mas ele se fora,
havia ido embora, sumido no meio da multidão.
- Você
ainda o ama? – Perguntou Phil sentindo-se magoado com a expressão no rosto de
Anna. Mas, ele teve de se conformar com a resposta dela, o silêncio. Essa foi
sua única resposta. E então, Anna quase caiu em prantos lembrando-se de
Thompson, mas, recordou-se do que a mãe falara: “leve a vida como um trapézio,
e, lembre-se, o segredo é não cair”. Anna não poderia cair, não ali, não agora,
não naquele estado. Conteve-se mais uma vez e arrastou o “namorado” até o carro
da família dele.
Dentro
do carro, Anna permaneceu calada, traumatizada com o que acontecera a ela e
Phil, talvez. Mas... De algum modo, Philips sentia que ela não estava assim por
causa do sequestro em si, e sim das consequências que ele trouxera junto de si
mesmo.
- Ei? –
Disse Phil.
- Oi...
– A voz de Anna pareceu ecoar, mas não foi isso o que aconteceu, ela só estava
rouca e triste, ainda contendo-se para não cair, não cair do trapézio como a
mãe lhe ensinara e não mergulhar em prantos.
- Tudo
bem?
Ela
assentiu em vez de responder com palavras. Algo na expressão de Phil lhe chamou
a atenção, mas ela descontraiu-se quando o nome do sequestrador deles dois veio
à tona do nada. E as revelações... Oh, malditas revelações! Revelações tão
secas, tão... Vazias... Ainda havia mais na história do sequestrador deles, e
Anna parecia estar disposta a descobrir tudo, mesmo que para isso ela
arriscasse a própria vida. Phil percebeu que ela estava perplexa e pensativa,
então disse:
- Se
sente mal?
- São
somente lembranças. Recordações. Vou lutar por elas, vou lutar por mim... –
Disse ela antes de desabar no colo de Phil e beijá-lo na boca. – Eu te amo. –
Disse por fim.
Quatro meses antes.
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