13 março 2014

Trecho de "Trapézio". Confira!


Capítulo 01

Os flashes, as malditas luzes, até mesmo a luz do sol que refletia nas câmeras dos jornalistas de todas as emissoras pareciam prejudicar Anna. Todos estavam curiosos para saber o que acontecera a ela, aturdida com tudo aquilo, ela quase desmaiou, sua sorte foi Phil que a envolveu em seus braços.
       Thompson estava mais adiante e ao deparar com a namorada abraçada ao ex, seu mundo pareceu cair aos pés. Ali, parado, ereto, naquele mesmo local, naquele mesmo momento, Thompson viu Philips beijá-la, beijar Anna, que antes de ser sequestrada era sua namorada.
       Ele olhou por cima do ombro, não resistiu e foi até Phil.
       - Seu desgraçado! – Exclamou quase que como um chiado antes de socar o rosto de Philips que tecnicamente se jogara no mesmo momento sobre o chão. Anna inclinou-se e abaixou-se preocupada com Phil. Ela encarou Thompson que estava com uma expressão de desgosto, de amargura. A única coisa que restou a Anna foi abaixar a cabeça, ela o fez. Thompson balançou sua cabeça em forma de reprovação antes de finalizar suas palavras e ir embora. – Você é igual a ele, não presta, não vale nada, vocês se merecem, afinal.
       E saiu sem dar mais nenhuma palavra, deixando Anna confusa naquele turbilhão de memórias, ah, malditas memórias. E as câmeras, sim, claro, ainda tinham as câmeras para atrapalhar mais ainda tudo na vida de Anna e de Phil. Ela o levantou e seguiu adiante sem olhar para trás, mas, não resistiu, hesitou antes de fazê-lo, e logo se inclinou para trás à procura de Thompson. Mas ele se fora, havia ido embora, sumido no meio da multidão.
       - Você ainda o ama? – Perguntou Phil sentindo-se magoado com a expressão no rosto de Anna. Mas, ele teve de se conformar com a resposta dela, o silêncio. Essa foi sua única resposta. E então, Anna quase caiu em prantos lembrando-se de Thompson, mas, recordou-se do que a mãe falara: “leve a vida como um trapézio, e, lembre-se, o segredo é não cair”. Anna não poderia cair, não ali, não agora, não naquele estado. Conteve-se mais uma vez e arrastou o “namorado” até o carro da família dele.
       Dentro do carro, Anna permaneceu calada, traumatizada com o que acontecera a ela e Phil, talvez. Mas... De algum modo, Philips sentia que ela não estava assim por causa do sequestro em si, e sim das consequências que ele trouxera junto de si mesmo.
       - Ei? – Disse Phil.
       - Oi... – A voz de Anna pareceu ecoar, mas não foi isso o que aconteceu, ela só estava rouca e triste, ainda contendo-se para não cair, não cair do trapézio como a mãe lhe ensinara e não mergulhar em prantos.
       - Tudo bem?
       Ela assentiu em vez de responder com palavras. Algo na expressão de Phil lhe chamou a atenção, mas ela descontraiu-se quando o nome do sequestrador deles dois veio à tona do nada. E as revelações... Oh, malditas revelações! Revelações tão secas, tão... Vazias... Ainda havia mais na história do sequestrador deles, e Anna parecia estar disposta a descobrir tudo, mesmo que para isso ela arriscasse a própria vida. Phil percebeu que ela estava perplexa e pensativa, então disse:
       - Se sente mal?
       - São somente lembranças. Recordações. Vou lutar por elas, vou lutar por mim... – Disse ela antes de desabar no colo de Phil e beijá-lo na boca. – Eu te amo. – Disse por fim.

Quatro meses antes.

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