07 agosto 2015

#Resenha41 - Nas Alturas (Camila Gatti)

Gostaria de começar essa resenha elogiando a simplicidade com a qual a autora escolheu o título do livro: "nas alturas" define exatamente todo o enredo.


Acompanhamos, então, a história de Marina: uma encantadora aeromoça brasileira que vive assim, nas alturas, seja a trabalho em seus voos ou em suas aventuras sexuais pelo mundo afora. Isso aí, sendo um pouco vulgar: ela dá pra quem ela quer. Mas não para por aí... Conquistando homens e homens em diversos lugares - Itália, França, Paris, Brasil, Israel... -, alguns deles aceitam ser só mais um divertimento para a bela moça, amantes, pois ela é casada com um rico homem brasileiro.

Esse relacionamento conturbado e sem vida de Marina e Germano - o atual, o marido, o do Brasil - nos leva a questionar qual, de fato, é a base de um casamento. Digo que é conturbado porque o cara a quer por simplesmente poder tê-la, sabe, ele tem ciência de que é traído, mas mesmo assim a quer para chamar de esposa - e transar de vez em quando.

A autora não pega leve quando o assunto é erotismo. A gente encontra umas palavras que eu nunca havia lido num livro antes, haha. Não vou negar, o livro praticamente se resume a isso: sexo, sexo, orgasmo, orgasmo, sexo, tem até uma parte envolvendo um ator pornô. Mas, é nessas suas aventuras que Marina descobre-se ser quem realmente é: uma mulher livre, que não está presa a nada e ninguém, que toma suas decisões próprias, que leva uma vida nas alturas, além do limite. Eu creio que esse tenha sido o intuito da Camila Gatti ao escrever a história, despertar no leitor a vontade de também viver nas alturas, não necessariamente sendo aeromoço - isso existe? - ou sair por aí pegando pessoas do mundo todo, mas a liberdade, mesmo que por meio do sexo, que a Marina tem sobre sua vida me fisgou de um jeito tão interessante que me fez também espelhar-me nessa personagem para viver então uma vida sem limites.

"A intensidade em viver várias vidas em uma só encontra sua grande aliada: a liberdade. A escolha do que fazer da vida, medindo o grau de envolvimento com seus amores e até onde ir quando a curiosidade encontra o desconhecido é uma decisão - pura e simplesmente - de Marina."
- Pág. 15

As aventuras de Marina, obviamente, têm suas consequências, mas eis que essas não são mostradas no andar do enredo, exceto o desfecho que foi um choque de realidade! O interessante foi o modo como a Camila escreveu, a maioria dos capítulos, pois há exceções, é narrada por meio dos passos de um voo, desde o check-in até a aterrissagem, e tudo faz sentido, pois os títulos dados aos capítulos se encaixam nos acontecimentos sequenciais.

Quanto à personagem, desculpem-me, mas por mais inspiradora que Marina seja, não posso deixar de dizer que a acho uma vadia. E, justamente por ser homem, fica impossível não resistir a querer descobrir o que essa mulher tem que encanta tanto a todos.

A revisão da editora foi boa, quase não encontrei erros. O enredo foi bem escrito, a história não é uma das melhores que já li, mas é boa e bem interessante. Duas coisas me irritaram bastante: o uso das "aspas" no lugar de hífen quando há diálogos; e, narrado em terceira pessoa, às vezes, tipo muitas vezes mesmo, a-autora-gostava-de-escrever-assim, como se para-dar-um-enfoque à ou às frases, sabe? Até entendo, mas chega a incomodar, porque eu-acabo-lendo-assim, de um-modo-coisado, sabe? Quanto ao desfecho: é o que eu falei antes, choque de realidade, que deixa muito a desejar e nos fantasia a ideia de um próximo volume que, creio, traga uma Marina mais quieta com relação à entrega do prazer no sexo, afinal, o "grand finale", como a própria autora chamou, de apenas três frases foi DES-TRU-I-DOR! Por mais que eu não seja lá um fã de histórias eróticas, essa me pegou de jeito, me prendeu à personagem e ainda, de quebra, me deixou louco por uma continuação. Pensei em dar 5 ao livro naquela média, mas 4 é suficiente, devido aquelas-partes-assim-que-me-irritaram. "Nas Alturas" é um livro para quem vive acima dos limites, ou para fazer o leitor quebrar os seus próprios limites. Incrível!


"Olha a mulher Marina, de aparência femininamente frágil, que esconde dentro de si mundos paralelos, capaz de sabe-se lá o que para conseguir o que quer, ou deseja."
- Pág. 54

6 comentários:

  1. Achei o livro legal por ser desafiador. No sentido de que se fosse um homem mulherengo ninguém is falar nada, mas como é mulher, é vadia, é indecente.. Por que as mulheres tem sempre que ser as boazinhas, enquanto os homens podem sair pegando todo mundo?
    Então sim, gostei da personagem porque, mesmo eu não achando que essa é a melhor maneira de se apaixonar, pelo menos ela é autêntica e não deve ser julgada por isso. Acredito que cada um leva a vida sexual que acha melhor, sendo homem ou mulher...

    www.ooutroladodaraposa.com.br

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  2. Olá!

    Esse livro é muito bom! Li à pouco tempo, tem até resenha dele lá no blog.
    Essa Marina é uma graça. Nunca tinha me permitido ler um livro assim, e fiquei surpresa com cada detalhe.

    Beijos, And!

    Tem post novo: Blog Cantinho da And

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  3. Oi Jhonatan, fiquei feliz em revê-lo lá na Cabine, estava sumido, enfim, Gostei da premissa do livro, não sou super fã deste gênero literário, porque as vezes o autor capricha no erotismo, mas esquece do enredo, este parece ter os dois e isso é legal. Espero ter a oportunidade de ler.

    Beijos e uma ótima semana.
    http://cabinedeleitura1.blogspot.com.br/2015/08/resenha-aparencias.html

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  4. Oi Jhon. Não é o tipo de livro que eu leria, pois não curto livros hots. Mas não acho que o fato dela transar com todos que queira, seja um, dez, trinta em uma noite faça dela uma vadia. Mas não sei se eu acredito que ela tenha tanta liberdade assim. Ela não ama o marido e está com ele por que? Pelo dinheiro. Será que isso não faz dela também uma pessoa presa?
    Beijos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  5. Adorei por ser aeromoça e ainda experimentar homens de todos os países HSAUSHAH Se fosse homem seria apenas o bad boy e todo mundo amaria mas por ser mulher já é puta. Adorei que a autora mude isso, parece ser um livro ótimo,
    Beijoos,
    Sétima Onda Literária

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  6. Nossa, fiquei bem entusiasmada para ler esse livro. Eu particularmente também odeio o uso das aspas ao invés do hifen, me deixa meio confusa e entediada. Beijos
    http://palavrasambulantes.blogspot.com.br/2015/08/marejando.html

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